Priscilla
Oliveira e Ana Carolina Dinardo
Correio
Braziliense - 10/11/2012
Quem
precisa recorrer à operadora que administra convênios dos servidores públicos
não consegue encontrar rede de hospitais e médicos credenciados na maior parte
de Brasília
A
vida de boa parte dos 610 mil servidores que têm planos de saúde administrados
pela Fundação Geap não tem sido fácil. Conseguir um atendimento, mesmo que de
emergência, transformou-se em uma maratona e quase um jogo de sorte. Com a rede
de hospitais credenciados cada vez menor, a operadora está pedindo socorro ao
governo para sair do estado de agonia em que se encontra, ao registrar prejuízos
de quase R$ 100 milhões por ano. “Buscar atendimento pela Geap tornou-se um
tormento”, diz , não sem razão, o funcionário público César Neves
Medeiros.
No
último dia 2, ele rodou mais de quatro horas por Brasília até encontrar um
hospital que aceitasse o seu plano de saúde. Foram percorridos 21km entre a Asa
Norte, onde mora, até o Hospital Santa Marta, em Taguatinga, estabelecimento em
que, finalmente, encontrou um ortopedista disponível.
“Sei
que a Geap está passando por sérios problemas financeiros, mas isso não deveria
se refletir sobre seus associados. Saúde é o bem mais precioso que temos”,
afirma. Com base em um levantamento que ele realizou na página da operadora na
internet, descobriu que somente um hospital atende emergência geral no Plano
Piloto, e outros cinco, em cidades fora de Brasília.
A
grande indagação de Medeiros é saber para onde está indo o dinheiro das
mensalidades pagas pelos associados à Geap. “Não é possível que, com tanta gente
contribuindo, com o governo complementando parte dos recursos, a empresa tenha
chegado a uma situação tão difícil”, ressalta. “Com certeza, algo está muito
errado. E quem está pagando a conta somos nós”, emenda.
Direitos
e deveres
O
servidor aposentado Francisco Gualberto Ribeiro não se conforma. “Depois de
tantos anos de plano, nunca vi tanto descaso”, diz. Segundo ele, mesmo pagando
rigorosamente as mensalidades em dia, foi obrigado a desembolsar R$ 250 por uma
consulta com um neurologista, pois não havia um hospital com essa especialidade
ligado à rede da Geap.
“Isso
é um absurdo. Tenho um plano de saúde, pago por ele R$ 493 mensais, e não sou
atendido”, critica. “Há alguns anos, a Geap oferecia uma ampla rede de hospitais
credenciados. Hoje, a história é completamente diferente”,
relata.
O
ProntoNorte, que há quase um mês, rompeu relações com a Geap por causa de
dívidas atrasadas há 120 dias, informa que está disposto a reatar as relações
para reduzir os transtornos dos beneficiários do plano. Segundo o hospital, já
estão em andamento negociações com a fundação para que as faturas pendentes
comecem a ser pagas dentro de 60 dias. Assim que a primeira parcela for quitada,
o atendimento será retomado.
De
acordo com o comando do ProntoNorte, a reunião de seus superintendentes regional
e nacional com a direção executiva da operadora aconteceu nesta semana e as
faturas devidas, de mais de R$ 13 milhões, já foram apresentadas. Um acordo deve
ser firmado assim que a Geap analisar as contas apresentadas por meio de uma
auditoria interna. A operadora informou que vai estabelecer um cronograma de
pagamento somente das dívidas “consideradas pertinentes”.
Enquanto
o acordo não vem, a parte norte de Brasília continuará sem um hospital
credenciado pela Geap. Nessa situação, os associados ao plano de saúde devem
ficar espertos para não serem ainda mais prejudicados e exigirem seus direitos.
Segundo a coordenadora da associação Proteste, Maria Inês Dolci, a maioria dos
usuários desconhece os termos assinados com as operadoras e, no momento em que
necessita de atendimento, é vítima de diversas irregularidades cometidas pelas
empresas. “É essencial que o consumidor tenha uma cópia do contrato em casa,
para que, em um momento de emergência, possa conferir a cobertura que está sendo
paga”, afirma. O documento pode demorar até 30 dias para ser enviado pelas
operadoras.
Os
itens mínimos que devem ser cobertos, assim como a rede credenciada, os prazos
de carência, o tempo de espera por atendimento e os reajustes máximos
permitidos, são definidos e fiscalizados pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), mas cabe ao consumidor ficar atento para saber quando algum
desses itens é desrespeitado. “Algumas irregularidades praticadas repetidamente
pela maioria das operadoras podem ser evitadas pelo Poder Judiciário, mediante
ação judicial”, afirma o advogado especialista em planos de saúde do escritório
do Marques e Bergstein Advogados Associados, Alan Skorkowski
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