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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Planos da Geap viram um tormento






Priscilla Oliveira e Ana Carolina Dinardo

Correio Braziliense - 10/11/2012


Quem precisa recorrer à operadora que administra convênios dos servidores públicos não consegue encontrar rede de hospitais e médicos credenciados na maior parte de Brasília



A vida de boa parte dos 610 mil servidores que têm planos de saúde administrados pela Fundação Geap não tem sido fácil. Conseguir um atendimento, mesmo que de emergência, transformou-se em uma maratona e quase um jogo de sorte. Com a rede de hospitais credenciados cada vez menor, a operadora está pedindo socorro ao governo para sair do estado de agonia em que se encontra, ao registrar prejuízos de quase R$ 100 milhões por ano. “Buscar atendimento pela Geap tornou-se um tormento”, diz , não sem razão, o funcionário público César Neves Medeiros.



No último dia 2, ele rodou mais de quatro horas por Brasília até encontrar um hospital que aceitasse o seu plano de saúde. Foram percorridos 21km entre a Asa Norte, onde mora, até o Hospital Santa Marta, em Taguatinga, estabelecimento em que, finalmente, encontrou um ortopedista disponível.



“Sei que a Geap está passando por sérios problemas financeiros, mas isso não deveria se refletir sobre seus associados. Saúde é o bem mais precioso que temos”, afirma. Com base em um levantamento que ele realizou na página da operadora na internet, descobriu que somente um hospital atende emergência geral no Plano Piloto, e outros cinco, em cidades fora de Brasília.



A grande indagação de Medeiros é saber para onde está indo o dinheiro das mensalidades pagas pelos associados à Geap. “Não é possível que, com tanta gente contribuindo, com o governo complementando parte dos recursos, a empresa tenha chegado a uma situação tão difícil”, ressalta. “Com certeza, algo está muito errado. E quem está pagando a conta somos nós”, emenda.



Direitos e deveres



O servidor aposentado Francisco Gualberto Ribeiro não se conforma. “Depois de tantos anos de plano, nunca vi tanto descaso”, diz. Segundo ele, mesmo pagando rigorosamente as mensalidades em dia, foi obrigado a desembolsar R$ 250 por uma consulta com um neurologista, pois não havia um hospital com essa especialidade ligado à rede da Geap.



“Isso é um absurdo. Tenho um plano de saúde, pago por ele R$ 493 mensais, e não sou atendido”, critica. “Há alguns anos, a Geap oferecia uma ampla rede de hospitais credenciados. Hoje, a história é completamente diferente”, relata.



O ProntoNorte, que há quase um mês, rompeu relações com a Geap por causa de dívidas atrasadas há 120 dias, informa que está disposto a reatar as relações para reduzir os transtornos dos beneficiários do plano. Segundo o hospital, já estão em andamento negociações com a fundação para que as faturas pendentes comecem a ser pagas dentro de 60 dias. Assim que a primeira parcela for quitada, o atendimento será retomado.



De acordo com o comando do ProntoNorte, a reunião de seus superintendentes regional e nacional com a direção executiva da operadora aconteceu nesta semana e as faturas devidas, de mais de R$ 13 milhões, já foram apresentadas. Um acordo deve ser firmado assim que a Geap analisar as contas apresentadas por meio de uma auditoria interna. A operadora informou que vai estabelecer um cronograma de pagamento somente das dívidas “consideradas pertinentes”.



Enquanto o acordo não vem, a parte norte de Brasília continuará sem um hospital credenciado pela Geap. Nessa situação, os associados ao plano de saúde devem ficar espertos para não serem ainda mais prejudicados e exigirem seus direitos. Segundo a coordenadora da associação Proteste, Maria Inês Dolci, a maioria dos usuários desconhece os termos assinados com as operadoras e, no momento em que necessita de atendimento, é vítima de diversas irregularidades cometidas pelas empresas. “É essencial que o consumidor tenha uma cópia do contrato em casa, para que, em um momento de emergência, possa conferir a cobertura que está sendo paga”, afirma. O documento pode demorar até 30 dias para ser enviado pelas operadoras.



Os itens mínimos que devem ser cobertos, assim como a rede credenciada, os prazos de carência, o tempo de espera por atendimento e os reajustes máximos permitidos, são definidos e fiscalizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas cabe ao consumidor ficar atento para saber quando algum desses itens é desrespeitado. “Algumas irregularidades praticadas repetidamente pela maioria das operadoras podem ser evitadas pelo Poder Judiciário, mediante ação judicial”, afirma o advogado especialista em planos de saúde do escritório do Marques e Bergstein Advogados Associados, Alan Skorkowski










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