Ribamar Oliveira
Valor Econômico - 07/11/2012
Brasília - Preocupado com a explosão dos gastos com
benefícios concedidos aos servidores e com a discrepância de valores pagos pelos
Poderes, o governo federal está tentando impor limites a essas despesas, que
subiram de R$ 4,3 bilhões em 2009 para R$ 7,5 bilhões neste ano, de acordo com a
dotação orçamentária. O aumento nominal é de 74,4% e o real, de 46,7%,
considerando uma inflação de 5,4% em 2012. O gasto projetado pela União com
esses benefícios em 2013 é de R$ 8,1 bilhões.
Embora a maior despesa seja do Executivo, por causa do
número de servidores, o gasto per capita mensal é muito maior nos outros
Poderes. No caso do auxílio-alimentação, o Legislativo pagará R$ 741,
mensalmente, a cada um de seus servidores em 2013, enquanto o Judiciário e o
Ministério Público da União (MPU) gastarão R$ 710 por mês. O Executivo pagará R$
304 a cada servidor civil.
A "caixa preta" dos gastos dos três poderes e do Ministério
Público da União (MPU) com benefícios de seus servidores começou a ser aberta em
setembro deste ano, quando eles foram obrigados a divulgar, em suas páginas na
internet, tabelas com os totais de beneficiários do auxílio-alimentação,
assistência pré-escolar (creche) e assistência médica e odontológica. Esses
dados terão que ser atualizados e comparados com anos anteriores, com indicação
das variações percentuais. A obrigação consta da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), válida para a elaboração do Orçamento de 2013.
O controle sobre essas despesas não para por aí. Os valores
dos benefícios também serão contidos. A LDO determinou que os três poderes e o
MPU não podem reajustar os valores dos benefícios de auxílio alimentação e
assistência pré-escola em 2013 concedidos aos seus funcionários quando os
valores que pagam, per capita, forem superiores ao per capita da União. Na
prática, esse dispositivo proíbe reajuste apenas no Legislativo, no Judiciário e
no MPU cujos valores per capita de cada benefício são bastante superiores aos do
Executivo.
Se for mantido nas LDOs dos próximos anos, esse dispositivo
reduzirá as discrepâncias atualmente existentes entre os três poderes e o MPU
nos gastos com esses benefícios. O Legislativo, por exemplo, pagará no próximo
ano R$ 741 a cada um dos seus servidores, por mês, a título de
auxílio-alimentação, enquanto a despesa per capita do Judiciário e do MPU com
esse benefício será de R$ 710, mensalmente, e a do Executivo com os servidores
da administração direta, autarquias e fundação, R$ 304.
Nos gastos com assistência médica e odontológica, a
discrepância também é expressiva. O Legislativo gastará no próximo ano, per
capita, R$ 310 por mês com esse benefício, enquanto a despesa mensal per capita
do Judiciário será de R$ 140 e a do MPU, R$ 120. Com cada um dos servidores
civis do Executivo, o gasto por mês do governo será de R$ 97.
A maior disparidade, no entanto, ocorre com o benefício de
assistência pré-escolar. A despesa per capita mensal do Legislativo com esse
benefício em 2013 será de R$ 617, enquanto o gasto por mês do Judiciário e do
MPU com esse benefício será de R$ 561. Já o Executivo gastará apenas R$ 77 por
mês com cada servidor beneficiado.
A maior dificuldade para reduzir rapidamente essa
disparidade está relacionada com o número de servidores do Executivo. Em 2013, o
governo federal pagará, por exemplo, auxílio alimentação para 1.059.661
servidores, enquanto que o Legislativo pagará o mesmo benefício para 25.012
funcionários, o Judiciário para 101.268 servidores e o MPU para
14.952.
O gasto per capita do governo com alimentação dos militares
em 2013 será de R$ 158 por mês e de R$ 451 com cada funcionário das empresas
estatais dependentes de recursos do Tesouro Nacional. No caso da assistência
médica e odontológica, a despesa per capita da União com os militares será de R$
53 no próximo ano e de R$ 109 com cada funcionário das estatais
dependentes.
A LDO obrigou ainda que cada poder e o MPU encaminhem à
Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento cópia dos atos
legais relativos aos valores de cada benefício para que, em conjunto com o
quantitativos de servidores, o valor per capita pago por cada poder e o MPU
possa ser calculado.
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